O Deus que vê

Ângela Christina Néris
3 min readJan 18, 2024

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Gênesis 16 é desses capítulos confusos e repleto de caos, bagunça e pecado. Embora finalize com um belo eco de esperança, ele causa na maior parte do texto uma real perplexidade nos filhos de Deus.

Um capítulo curto, com apenas 16 versículos, que explana sobre uma ideia “de jerico” de Sara, muito estranha aos nossos dias, e traz consigo verdadeiro assombro ao leitor atento.

Sarai, sem filhos ainda, após a promessa divina, agoniada com a espera quem sabe?, decide “resolver” a sua situação de infertilidade dando sua serva, a egípcia Hagar, a Abrão, para que por meio dela, da serva, ela, Sarai, pudesse formar família.

Como sempre acontece quando tentamos tomar as rédeas e resolver as coisas por nossas próprias forças, do nosso jeito, o desenrolar da história foi uma terrível mistura de pecados visíveis e diversos surgindo à tona e o orgulho, a omissão, a inveja, a humilhação tomando a cena de forma triste e desoladora.

Sarai maltratou tanto Hagar, que havia, após descobrir a gravidez, desprezado a sua senhora, que ela acabou fugindo para o deserto, onde o Senhor graciosamente a encontrou.

Ele a encontrou bem onde ela estava, no meio de sua aflição, com seu coração em frangalhos e o ego ferido, e indicou o difícil caminho que ela deveria seguir — “volta para tua senhora”. Ele graciosamente também fez promessas à Hagar e assegurou que Ele mesmo multiplicaria “¹⁰sobremaneira a tua descendência, que não será contada, por numerosa que será.”

¹¹ Disse-lhe também o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, e chamarás o seu nome Ismael; porquanto o Senhor ouviu a tua aflição. ¹² E ele será homem feroz, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos. (Gênesis 16:10–12)

“Tu és Deus que vê!”, ela nomeou o Anjo do Senhor que a havia encontrado, e visto, e profetizado a respeito de Ismael, e falado ao seu coração nesse momento de grande desesperança.

Esse é o eco que ressoa do texto e que nossos corações podem e devem reverberar vez após vez; é como podemos nos referir ao Senhor sempre, não importa a circunstância que estamos enfrentando.

Ele é Deus que nos vê, Ele nos ouve os corações cansados, Ele nos encontra em meio à bagunça do nosso viver.

Ele se alegra quando lançamos sobre Ele nossos cuidados, confessamos nosso pecado, e entregamos a Ele nossas ansiedades.

Ele nos ama intensamente e deseja se relacionar intimamente conosco à medida em que nos ajuda a buscar atentamente o caminho da perfeição.

Ele nos auxilia na lida diária, Ele nos sustenta, protege e guarda.

Ele nos guia, direciona, instrui no caminho em que devemos andar.

Ele não nos trata segundo o nosso merecimento, mas oferece amor e misericórdia sobejantes.

Ele transborda graça, amor, paz e alegria.

Ele é o Deus fiel, nosso Pai Amoroso que nos vê, nos cuida, nos transforma, e perante Quem nossos desejos, sonhos e planos estão sempre descobertos.

Que ressoe sempre em nossa vida o eco glorioso do Deus que nos vê e que sejamos confortados pela Verdade em forma de cruz do amor abundante do nosso Pai das luzes!

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